Conscientização sobre autismo: saúde mental das mães atípicas
Faculdade de medicina FACERES sedia encontro sobre o tema em parceria com a Associação Borboleta Atípica
Abril é um mês especial dedicado à conscientização sobre o autismo, uma condição que afeta milhões de famílias em todo o mundo. Mas além de compreender e apoiar as pessoas no espectro autista, é fundamenta reconhecer e apoiar também as mães atípicas – aquelas que cuidam de filhos com alguma deficiência ou síndrome rara, seja física ou intelectual.
A TV FACERES produziu uma reportagem sobre a saúde mental das mães atípicas. O assunto foi tema central de um evento da Associação Borboleta Atípica realizado com parceria da FACERES.
A maternidade atípica envolve muitas vezes a busca pelo diagnóstico do filho, à procura por uma rede de apoio ideal e uma compreensão profunda das necessidades e emoções da mulher.
Rute Soeiro, pedagoga e mãe de dois filhos no espectro autista, ressalta a necessidade de manter uma identidade própria, mesmo diante das demandas do cuidado familiar.
“Ter um ciclo de amigos é muito importante, porque isso te ajuda a equilibrar as emoções, equilibra a sua saúde física e por fim ajuda em toda a família ou ajuda diretamente na pessoa que você cuida, que esteja dentro do espectro autista”, enfatiza Rute.
A psiquiatra Larissa Ferreira também destaca a importância da rede de apoio para essas mães. Ela ressalta a necessidade de acesso à saúde física e mental, além de estratégias como qualidade de sono, alimentação saudável e práticas como mindfulness. “Olhar para essa população é urgente e contar com a ajuda de quem está por perto para colocar em prática esse alto cuidado é essencial também”, afirma a especialista.
Para Carolina Bonzegno Azevedo, vice-presidente da Associação Borboleta Atípica, o compartilhamento de experiências entre mães é fundamental. “Todos sabemos que, de acordo com o nível de suporte da pessoa com deficiência na família, que todos nós, sim, temos importância”, destaca Carolina.
Jéssica Fernanda do Amorim Silveira, mãe de uma criança autista, reforça a importância do autocuidado para dar o melhor aos filhos. “A gente não é só a mãe atípica. A gente também é mulher, tem que aprender cuidar muito da gente para poder dar o nosso melhor para os nossos filhos”, comenta.
A psicóloga Cynthia Garcia ressalta a complexidade da maternidade atípica, que exige uma compreensão profunda das necessidades e emoções das mães envolvidas.
“Se a maternidade, já é algo que para crianças típicas, já traz transformações relacionadas a todas as áreas da própria vida e estendido também dentro do contexto de cada um, a maternidade atípica tem outras especificidades além dessas compartilhadas já na maternidade típica que a torna um pouco mais complexa e exige muito mais também acerca da própria mãe e da própria parentalidade ali envolvida”, argumenta a psicóloga.