“Saúde mental da população negra e letramento racial” são temas de palestra na faculdade de medicina FACERES
Evento discutiu como o letramento racial pode ajudar no combate ao racismo que impacta a saúde mental
Por meio do Coletivo Antirracista Dr. Juliano Moreira, a faculdade de medicina FACERES promoveu a II Jornada de Saúde da População Negra. Com o tema “Saúde Mental da População Negra e Letramento Racial”, a iniciativa destacou a relação intrínseca entre esses dois assuntos.
Questões como a saúde mental da população negra são agravadas devido ao racismo estrutural, que resultam em um significativo aumento de 45% na probabilidade de jovens negros desenvolverem depressão em comparação aos jovens brancos, por exemplo.
Por outro lado, o letramento racial busca promover a reeducação racial, desconstruindo padrões de pensamento e comportamento socialmente normalizados na relação com as pessoas negras. Essa abordagem colabora diretamente para desmantelar o imaginário racista profundamente enraizado em nossa sociedade.
A palestra foi ministrada por duas especialistas no assunto: a advogada Dra. Claudionora Elis Tobias e a psicóloga e doula Juliana Mogrão Moreira. Elas abordaram as implicações do racismo estrutural na saúde mental da população negra e discutiram como o letramento racial pode contribuir para combater esse tipo de racismo, que também afeta o bem-estar emocional. “Quando falamos em saúde mental, devemos pensar em um bem-estar como todo. Há estudos comprovados que afirmam que o racismo estrutural ao longo dos anos altera a plasticidade cerebral, fator determinante para o sofrimento psíquico e, consequentemente o físico”, ressalta a psicóloga Juliana Mogrão Moreira.
Para a advogada Dra. Claudionora Elis Tobias, é de suma importância abordar esses temas em ambiente acadêmico. “Quando discutimos questões como essas, tão relevantes na nossa sociedade, elas irão reverberar na formação do profissional para que consiga entender e analisar seu paciente diante da perspectiva correta”, afirma Claudionora.
O professor Araré Carvalho, docente do eixo Ética e Humanidades e organizador do evento, destaca a relevância desse encontro para a conscientização e debate sobre esses temas de extrema importância.
“É fundamental que o futuro médico entenda as demandas da população negra e suas peculiaridades. Reconhecendo os rebatimentos que anos de escravidão produziu e produz no cotidiano das pessoas negras e como isso gera sofrimento para elas”, finaliza Araré.