Doze por cento da população total são originários de outros Estados e países

Doze por cento da população total são originários de outros Estados e países

Matéria publicada no jornal Diário da Região em 02/01/2016, clique aqui para ver a matéria original

Por Allan Abreu

Encravada no sertão paulista, Rio Preto é um permanente imã para gente de todo o País e do Exterior. Pessoas que aqui aportam em busca de melhores condições de trabalho, estudo e atendimento de saúde. Assim a cidade cresceu no passado, assim continua a se desenvolver, com promessa de novas levas de gente em 2016. O Censo de 2010 do IBGE, último dado disponível, dá uma dimensão da atração exercida pelo município. Pela estatística, 49 mil pessoas, ou 12% da população total, são originárias de outros Estados e países.

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Fernanda Aguiar é de Aracaju, Sergipe, e cursa o terceiro ano de medicina da Faceres, em Rio Preto. Para ela, Rio Preto é quase perfeita: só falta praia

É como se houvesse, dentro de Rio Preto, uma Mirassol inteira de migrantes e imigrantes. “A cidade exerce um grande atrativo pela força dos serviços de saúde e educação, além da reconhecida qualidade de vida”, afirma a economista Emília de Toledo Leme. Divulgado no início de dezembro, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, colocou Rio Preto, pelo terceiro ano consecutivo, como a segunda melhor cidade do Brasil para se viver, atrás apenas de Extrema (MG).

O município vem melhorando seus índices de emprego e renda, saúde e educação ao longo da última década. Na escala de 0 a 1 utilizada pela Firjan, Rio Preto obteve as notas 0,84 (2005), 0,86 (2006), 0,82 (2007), 0,87 (2008), 0,88 (2009), 0,91 em 2010, 2011 e 2012 e 0,90 em 2013. Acima de 0,8 é considerado alto índice de desenvolvimento. Essa atração populacional, no entanto, ocorre desde a fundação da cidade, ainda no século 19, com imigrantes de várias nacionalidades, como italianos, espanhóis, portugueses, libaneses, armênios.

A partir dos anos 80, aumenta a atração de migrantes brasileiros, principalmente de outras cidades paulistas, além de mineiros, mato-grossenses, paranaenses e nordestinos. “É essa migração que faz a cidade crescer muito nas décadas de 80 e 90”, afirma Emília. Mais recentemente, Rio Preto passou a atrair haitianos e também sírios, esses últimos fugindo da guerra que arrasa o país desde 2011.

Saúde

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Ivan Carlos Porto, de Marabá, Pará, já morou em nove cidades brasileiras. Hoje, está em Rio Preto, onde cursa o quarto ano de medicina

Há ainda uma intensa migração em busca dos avançados recursos em saúde oferecidos pela cidade. A casa de apoio João Paulo 2º, no Jardim Seixas, mantida pela associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, recebe pacientes de todo o País em busca de tratamento para diversas doenças. São 35 leitos que ficam permanentemente ocupados na casa. Sete dos hóspedes vêm de longe, principalmente do Centro-Oeste e Rondônia.

O carpinteiro Francisco da Chagas Braga, 56 anos, de Porto Velho, é um deles. Em 2004, veio pela primeira vez a Rio Preto. Tinha um grave quadro de cirrose hepática, consequência do abuso do álcool. “O médico de lá disse que a única solução era um transplante de fígado e me indicou o HB (Hospital de Base)”, diz. Foram 11 anos de tratamento e espera, alternando períodos em Rio Preto e Porto Velho. “Se não tivesse a casa-abrigo, não sei o que faria, porque não tenho como pagar hotel nem alugar casa.”

Em 15 de agosto deste ano, Francisco passou por transplante. Em recuperação, aguarda exames no início de janeiro no HB para fazer cirurgia no olho direito, o único ainda com visão parcial, após um glaucoma – a visão do esquerdo foi perdida. “Sinto saudade de casa, mas gosto muito de Rio Preto, principalmente da Represa, que é linda.” Com 11 faculdades, duas delas públicas – Famerp e Ibilce/Unesp – Rio Preto recebe diariamente milhares de estudantes da região. Além disso, atrai alunos de praticamente todos os Estados brasileiros que para cá se mudam.

No Instituto Ceres, por exemplo, 75% dos 500 alunos não são rio-pretenses. Há estudantes de 22 Estados – os únicos que ficam de fora são Amazonas, Roraima, Amapá, Paraíba e Pernambuco. “A marca Rio Preto é muito forte”, diz o mantenedor da Faceres, Toufic Ambar Neto. Segundo ele, a instituição de ensino movimenta outros 50 setores da economia. A sergipana Fernanda Aguiar, 22 anos, cursa o terceiro ano de medicina na faculdade. “Fiz o ensino médio em Aracaju, mas no Nordeste tem pouco curso de medicina. Aí optei pela Faceres”, diz. Fernanda diz gostar de Rio Preto. “As pessoas são calorosas e é quente como Aracaju. Só falta praia.” Ivan Carlos Lima Porto, 21, de Marabá (PA), já morou em nove cidades Brasil afora. Acabou em Rio Preto, onde cursa o quarto ano de medicina na Faceres. “No início a adaptação à cidade foi difícil, mas hoje gosto muito.”

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