Impacto da pandemia COVID-19 em crianças
Avaliação realizada por alunos do curso de medicina aponta alterações no comportamento infantil
A pandemia do coronavírus não poupou praticamente nenhuma área da vida coletiva ou individual, com repercussões graves na esfera da saúde mental.
Devido à alta taxa de transmissibilidade e gravidade da Covid-19, a rotina da população foi alterada e a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu o isolamento e o distanciamento social, para diminuir a propagação da COVID-19 e reduzir a taxa de contaminação.
Ao mesmo tempo em que protege, o isolamento social causa repercussões e prejuízos à saúde física, mental e ao comportamento psicossocial de crianças, adultos e idosos.
Alunos da turma 13, da faculdade de medicina da FACERES, elaboraram um questionário, baseado nos documentos científicos da Sociedade Brasileira de Pediatria, para os pais dos 100 alunos do Instituto Alarme em São José do Rio Preto, avaliando o impacto na saúde mental, tempo de telas, ganho de peso, dificuldade de aprendizado e transtorno de ansiedade.
Dentre as principais mudanças observadas no comportamento infantil encontraram: dificuldade de concentração, alteração no padrão do sono e alimentação, ansiedade, depressão, irritabilidade, medo, solidão, tédio e maior tempo de exposição às telas.
Para as professoras Carolina Conti, Renata Corsino e Roberta Costa Palmeira, que coordenaram o estudo, o objetivo principal deste projeto foi analisar qual a influência que a pandemia da COVID-19 trouxe para a saúde física e mental das crianças, além das modificações comportamentais no desenvolvimento infantil e com isso contribuir com medidas que possam melhorar as condições de vida para as crianças afetadas com isolamento social.
“É necessário compreender como a vida das crianças foram afetadas direta ou indiretamente durante essa pandemia. O estudo mostrou que 46% das crianças avaliadas, ganharam peso em consequência do aumento dos níveis de ansiedade; houve um aumento de 61% do consumo de alimentos industrializados e 68% das crianças investigadas não praticaram esportes durante a pandemia de Covid-19”, relata a professora Roberta Costa Palmeira.
Outros dados importantes apontaram que 80% das crianças ficaram conectadas às telas até próximo do horário de dormir (1 hora antes), sendo que cerca de 60% das crianças usaram telas de forma excessiva durante o dia e 66% das famílias usaram a televisão durante as refeições.
Com relação ao desempenho escolar, explica a professora Renata Corsino o estudo mostrou que 68% das crianças apresentaram prejuízo de concentração nas aulas remotas (on-line); cerca de 70% dos alunos tiverem decréscimo das notas a partir do retorno das atividades presenciais no instituto e 58% das famílias precisaram buscar auxílio extra para garantir o aprendizado das crianças durante a pandemia.
Com relação à repercussão na saúde mental 65% das crianças presenciaram afastamento dos amigos e dentre elas, 24% demonstraram desinteresse em brincadeiras.
Aproximadamente 20% das famílias relataram dificuldade financeira e perda recente da fonte de renda. Inferindo-se que essa situação induz instabilidade psicológica de todo o núcleo familiar.