Das salas de aula presenciais para as salas de aula virtuais: professores se reinventam durante a pandemia
O trabalho de quem lida com a linha de frente durante a pandemia da COVID-19 é de extrema importância e reconhecimento, mas, é preciso destacar o exercício do professor, que se reinventou para continuar ensinando.
Há mais de setenta dias, a rotina de estudos na faculdade de medicina FACERES, passou por uma transformação. Os docentes tiveram acesso à nova modalidade educacional, por meio das plataformas virtuais. “O ensino à distância é importante para manter, pelo menos, parte da rotina, bem como estimular e ativar as funções cerebrais que auxiliam no aprendizado”, afirma o diretor da faculdade, Dr. Toufic Anbar Neto.
A mudança foi possível em decorrência da portaria nº 345, do Ministério da Educação, publicada no dia 19 de março de 2020 autorizando, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais em andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação, do primeiro ao quarto ano do curso de medicina.
Desde então, a sala de aula dos professores passou a ser em frente a tela do computador. “Contratamos uma plataforma virtual, baseada no número de salas de aula que tínhamos que ter (foram 15 salas virtuais para as 12 turmas, com algumas salas extras) e também contratamos uma plataforma de aulas online para suporte de estudo, pois os alunos não teriam acesso a todos os livros disponíveis na biblioteca; capacitamos então os professores e alunos, fazendo simulações de encontros virtuais com eles”, explica a coordenadora do curso de medicina, Dra. Patrícia Cury.
A nova rotina de aulas remotas, exige adaptação e transformação como disciplinas que demandam conhecimento prático. “Saímos das salas de aulas e fomos, cada um em suas casas, nos encontramos de forma remota para discutir e ensinar o que antes ensinávamos presencialmente”, comenta o professor de Cirurgia e Coordenador de Habilidades Médicas do Curso de Medicina da FACERES, Dr. Raphael Raphe.
O Eixo de Ética e Humanidades, que trabalha com foco em discussões sobre como o futuro profissional pode melhorar sua atuação por meio do olhar das humanidades médicas, passou por uma reestruturação, como conta a coordenadora e Doutora em Estudos Linguísticos, Norma Novaes: “Neste momento, durante várias aulas, os alunos eram convidados a perceberem como assuntos de ética e humanidades estão a todo momento sendo fundamentais no enfrentamento da pandemia, passando por reflexões sobre como a sociedade está sofrendo esse impacto e como o profissional de saúde tem um importante papel para entender e ajudar as pessoas agora e depois da pandemia. Vários trabalhos de escrita reflexiva foram elaborados”, conta a coordenadora. “São trabalhadas reflexões que contribuem com a formação médica, desenvolvendo um olhar mais ético e humano. Respeitando e valorizando o olhar do aluno”, complementa Dra. Fernanda Quessada, psicóloga e professora, mestre ética e Humanidades: saúde mental do estudante de medicina e do médico.
A docente e Coordenadora dos Laboratórios de Morfofuncional da FACERES, Profa. Dra. Carla Patrícia Carlos, diz que o conteúdo teórico na forma de aulas expositivas precisou ser aumentado, uma prática que não é comum em Morfofuncional. “Essa mudança deve-se principalmente porque nossas aulas são de caráter eminentemente prático. E para sanar essa limitação, os professores introduziram e aumentaram a apresentação de imagens das peças (anatômicas, patológicas, lâminas, parasitas, embriologia, etc) para apontar os conteúdos abordados na exposição”, afirma.
A disciplina PIC, Programa de Integração Comunitária, também foi ajustada para conciliar o conteúdo dentro das plataformas virtuais. “Aos poucos fomos nos adaptando ao novo formato e com isso veio o aprimoramento com o uso das ferramentas tecnológicas. As atividades que são realizadas em unidades de saúde, foram ajustadas ao recurso de salas simultâneas na plataforma online o que aproxima os alunos dos seus professores em grupos menores de discussão, assim, conseguimos o envolvimento de todos e cumprir o conteúdo do semestre”, explica a coordenadora da disciplina, Fernanda Novelli Sanfelice.
A tecnologia é uma forte aliada para dar aula sem sair de casa, da forma planejada e com envolvimento dos estudantes. “Eu tento interagir com os alunos como se estivesse na sala de aula, costumo chamá-los pelo nome durante a aula, fazer perguntas para que eles possam participar através do chat ou pelo áudio do software”, conta Carolina Pacca Mazaro, professora Dra. de Farmacologia e Habilidades Diagnósticas da FACERES.